Miriam Leitão recebeu, nesta quarta-feira (17), os cientistas políticos Carolina Botelho e Christian Lynch. Eles analisaram o cenário político de 2025, ano marcado por sucessivas crises institucionais e confrontos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de discutirem as expectativas para as eleições de 2026.
Para Carolina Botelho, o próximo ano deve ser marcado pressão em todos os Poderes, com o ressurgimento de movimentos sociais nas ruas e novos ataques à democracia. “Ainda existe uma ameaça sob às instituições. Esse diálogo não foi encerrado apenas porque elegemos um presidente democrata (…). A agenda da democracia continua sendo minada”, afirma.
Christian Lynch destacou que a atual instabilidade política está ligada à ausência, há cerca de dez anos, de um modelo de governabilidade. Segundo ele, o presidencialismo de coalisão – criado durante o governo Fernando Henrique Cardoso e mantido posteriormente, com predominância do Poder Executivo – entrou em colapso por volta de 2015, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Lynch observa que esse tipo de modelo político depende de consensos amplos sobre a interpretação da Constituição, que teriam sido rompidos. De acordo com o cientista político, direita e a extrema direita abandonaram o consenso à medida que uma parcela significativa da sociedade passou a defender o enfraquecimento da Constituição.
Lynch aponta ainda para uma atual hegemonia do centrão no cenário político. “O centrão joga um jogo ambíguo o tempo todo. Não tem interesse em um golpe militar ou em uma ditadura, porque nesse cenário ele desaparece”, analisa. Segundo ele, o grupo também não mira em um executivo forte porque isso lhe garante poder. “O centrão administra essa situação de fraqueza do Executivo”, conclui.
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